Poupar é a ordem da economia moderna. Pessoas físicas tentam guardar dinheiro para emergências, viagens, carros, casa. Já empresas lutam para engordar o caixa próprio para novos investimentos, ampliação de estrutura e novas filiais. Em qualquer uma das situações, ter recurso guardado é item obrigatório para a saúde financeira.

Mas será que é só pra isso que uma reserva de dinheiro existe? Todo santo ano, as empresas têm dois gastos certos: um terço das férias e, no último semestre, o 13º salário.

Para variar, são as micro e pequenas empresas, que possuem um fluxo de caixa menor, as que sofrem um pouco mais para cumprir com as exigências trabalhistas. E é aqui que entra o preparo, a consciência de que é necessário poupar, o Planejamento de Caixa.

Compromisso mensal

Este fundo de reserva precisa começar a ser planejado já no começo do ano. E, de acordo com o Sebrae, os recursos para constituir essa poupança devem ser inseridos nas despesas operacionais da empresa.

“A ideia é que essa saída de recursos não seja traumatizante para a empresa. Pode até ser que o caixa não alcance o valor necessário, mas toda ajuda já representa um alívio enorme para o empresário”, diz Ronaldo Dias, contador e diretor da Brasil Price.

Ronaldo lembra que o ideal é aproveitar os valores devidos mensalmente, que são calculados pela contabilidade, e depositá-los em uma aplicação financeira de curto prazo. “É a maneira mais segura de planejar o fluxo de caixa. Mês a mês, o empresário tem condições de fazer o depósito”, aconselha o contador.

Preparado para surpresas

O fundo também pode – e deve – ser usado tanto para arcar com os encargos sociais, como o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), quanto para as rescisões contratuais, outro pesadelo para as empresas.

Especialistas recomendam que o depósito mensal na poupança seja de, pelo menos, 10% da folha de pagamento para honrar com os 13º salários. Ronaldo lembra que o contador possui o valor exato a ser depositado via relatório de provisão de férias e 13º salário. “E é importante que o saldo seja mantido, já que ele é suficiente para arcar com os pagamentos e encargos sem sobressalto”.

O importante é começar

O empresário Élcio Frasão admite que nunca pensou em criar uma reserva na empresa para arcar com os gastos com colaboradores, mas considera uma ideia bastante interessante. “Vamos avaliar a viabilidade para não impactar no fluxo de caixa. Esta iniciativa é bastante útil para aquelas empresas que sempre operam no limite”.

Já para Carlos Timóteo Oliveira, empresário do ramo de materiais para construção, a poupança já uma realidade. “Estamos com a empresa recentemente no mercado e um de nossos projetos é justamente implantar essa reserva financeira”.

O porém

Apesar de toda a boa vontade de muitos empresários, há a velha e conhecida limitadora do crescimento das empresas, a alta taxa tributária brasileira. “Os impostos antecipados como complemento de alíquota, substituição tributária e diferencial de alíquota para consumidor final deixam os recursos mais escassos, dificultando a criação da poupança”, atenta Ronaldo.

Fonte: O Girassol